Mesmo com liminar, idoso morre à espera de UTI em Juiz de Fora: 'Isso é desumano', se revolta irmã

  • 15/07/2025
(Foto: Reprodução)
Márcio Heleno, que morreu à espera de um leito de UTI em Juiz de Fora Lecy Lopes/Arquivo Pessoal Em casos em que a transferência hospitalar é essencial para salvar a vida de um paciente, muitas famílias recorrem à Justiça em busca de uma liminar que garanta o procedimento. Foi o que fez a família do idoso Márcio Heleno Oliveira. No entanto, mesmo com o documento em mãos, a decisão judicial não foi suficiente: ele morreu à espera de um leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em Juiz de Fora. ▶️ Clique aqui e siga o perfil g1 Zona da Mata no Instagram O idoso de 63 anos estava internado na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Santa Luzia desde o dia 9 de julho e faleceu no início da madrugada desta terça-feira (15). A saga por um tratamento de saúde havia começado antes, entre 26 de junho e 1º de julho, Márcio esteve internado no Hospital de Pronto Socorro Dr. Mozart Teixeira, onde passou por cirurgia. Segundo a irmã, Renata de Fátima Oliveira de Assis, Márcio Heleno começou a passar mal por causa de uma alteração na glicose e um furúnculo. Ao ser levado para o HPS pelos filhos, foi diagnosticado com um abscesso perianal e passou por cirurgia, mas a glicose continuou alterada. O idoso precisou ser encaminhado para o Centro de Terapia Intensiva e, após a estabilização do estado de saúde, seguiu para o quarto. Depois, recebeu alta com prescrição de medicamentos. Com o estado de saúde ainda comprometido, Márcio Heleno foi novamente procurar atendimento médico, dessa vez na UPA de Santa Luzia, aonde voltou a ser internado. "Lá constataram que ele havia contraído uma bactéria grave e que precisava de cuidados especiais em um CTI, incluindo a realização de uma cirurgia urgente, pois os antibióticos não estavam surtindo efeito", contou a irmã. Transferências foram negadas, afirma família Ainda conforme a família, foi solicitada a transferência dele para um hospital com estrutura adequada, mas nenhum teria aceitado recebê-lo. "Surgiram vagas em quatro hospitais — Ana Nery, HTO, Santa Casa e Maternidade — mas todos recusaram a transferência", afirmou Renata. Em nota, a Prefeitura afirmou que foram realizadas exatamente 79 tentativas de transferência do paciente Márcio Heleno para leitos de UTI em hospitais da rede pública e privada conveniada. Em nenhuma dessas tentativas, havia vaga disponível. Também por meio de nota, dois hospitais onde foram buscados leitos de terapia intensiva justificaram falta de vagas. A Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora disse que mesmo com uma taxa de ocupação nos leitos de terapia intensiva de 100%, a alta demanda é gerida com eficiência, todavia, nem sempre há disponibilidade de leitos de CTI no momento da solicitação. Já o Hospital e Maternidade Therezinha de Jesus informou que a negativa foi exclusivamente por falta de vaga na UTI. O Hospital Ana Nery disse que não houve nenhuma solicitação de vaga formalizada, impossibilitando qualquer avaliação, quanto ao não acolhimento do referido paciente. Ação judicial não foi cumprida Diante disso, a família entrou com uma ação judicial para garantir a transferência. A liminar foi concedida na tarde de domingo (13) e os hospitais tinham 24 horas para providenciar um leito de CTI, mas Márcio Heleno morreu no início da madrugada de terça-feira, quando o prazo já havia acabado. "Ele ainda tinha chances reais de sobreviver, segundo os próprios médicos. O prazo se esgotou sem que a transferência ocorresse. Nenhum hospital o recebeu. É revoltante, porque ele ainda tinha chance de vida se tivesse sido transferido a tempo", desabafou a irmã Renata de Fátima. No atestado de óbito que o g1 teve acesso, consta que a causa da morte foi infecção generalizada e de pele, além de insuficiência renal aguda. O sepultamento de Márcio Heleno ocorreu nesta terça-feira, no cemitério Parque da Saudade. “O que aconteceu com o meu irmão não pode acontecer com outras pessoas. Todos que precisam de ajuda merecem atenção e dignidade no atendimento. Fica aqui o nosso apelo para que as autoridades da saúde busquem melhorar o sistema e garantir que vidas não sejam perdidas por omissão ou demora. Minha mãe, com 82 anos, está enterrando o terceiro filho. Isso é desumano. Que mais ninguém precise passar por isso”, finalizou a outra irmã, Simone Vidal de Oliveira. Também em nota, a advogada da família, Lecy Lopes, disse que irá buscar Justiça pela morte de Márcio Heleno. “Mesmo com liminar judicial determinando a transferência urgente, o Estado não cumpriu. Márcio era uma pessoa com deficiência, com sérios problemas de saúde, e morreu aguardando o mínimo: o direito de lutar pela própria vida. Como advogada da família, manifesto profunda tristeza e indignação. A saúde pública falhou. E essa perda não pode ser esquecida. Vamos buscar justiça. Pela memória de Márcio. Pela dignidade de quem ainda espera”. Íntegras das notas da Prefeitura e dos hospitais Nota da Prefeitura: A Prefeitura de Juiz de Fora manifesta profundo pesar pelo falecimento do paciente Márcio Heleno, que estava sob cuidados intensivos na UPA. Conforme os registros da Central de Regulação, foram realizadas exatamente 79 tentativas de transferência do paciente Márcio Heleno para leitos de UTI em hospitais da rede pública e privada conveniada. Em nenhuma dessas tentativas, havia vaga disponível. A administração municipal reitera que segue as diretivas preconizadas pelo SUS, analisando cada caso individualmente, com empenho na busca por soluções diante das limitações do sistema. O SUS conta, atualmente, com 146 leitos de UTI, entre hospitais conveniados públicos e privados, que atendem a uma demanda constante e elevada não apenas do município, mas de toda a Macrorregião Sudeste, com mais de 90 cidades. Mensalmente, uma média de 296 de pacientes é internada nesses leitos, com internações que variam de horas a semanas. A administração municipal informa, ainda, que está investigando o caso. No entanto, outras informações sobre o atendimento e o quadro clínico do paciente devem ser apurados junto à instituição gestora da UPA. A Prefeitura se solidariza com os familiares e amigos, expressando condolências neste momento difícil. Esses processos são regulados de acordo com critérios médicos e de prioridade clínica, como determina o SUS. A Prefeitura reconhece os desafios estruturais e trabalha, de forma articulada, para qualificar o acesso à atenção especializada na cidade. Nota da Santa Casa: A Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora é referência regional no atendimento de alta complexidade. Pacientes de toda a Zona da Mata mineira e regiões próximas são direcionados à instituição. Mesmo com uma taxa de ocupação nos leitos de terapia intensiva de 100%, a alta demanda é gerida com eficiência, refletida no elevado giro de leitos e no tempo médio de permanência dos pacientes, que está abaixo da média nacional. Esse resultado é fruto da excelência na gestão hospitalar e da dedicação de uma equipe multiprofissional qualificada, que trabalha continuamente para garantir a segurança e a qualidade no atendimento aos pacientes. Todavia, nem sempre há disponibilidade de leitos de CTI no momento da solicitação. A Santa Casa se orgulha de desempenhar um papel fundamental na rede SUS, assegurando assistência intensiva de ponta àqueles que mais precisam. Nota do Hospital e Maternidade Therezinha de Jesus: A negativa foi exclusivamente por falta de vaga na UTI. Nota do Hospital Ana Nery: O sistema de regulação de vagas é extremamente complexo e envolve múltiplas etapas, critérios técnicos e fluxos formais. Não é correto afirmar que um hospital, de forma isolada, “negou” um paciente, pois as decisões são tomadas com base em protocolos estabelecidos, prioridade clínica, perfil assistencial da unidade e disponibilidade de recursos. Mediante os protocolos acima descritos, não houve qualquer solicitação de vaga formalizada para o nosso hospital, o que impossibilita qualquer avaliação, quanto ao não acolhimento do referido paciente. ASSISTA TAMBÉM: Alta demanda nas UPAs de Juiz de Fora Idoso morre antes de conseguir transferência em Juiz de Fora; Prefeitura alega sobrecarga 📲 Siga o g1 Zona da Mata no WhatsApp, Facebook e X VÍDEOS: veja tudo sobre a Zona da Mata e Campos das Vertentes

FONTE: https://g1.globo.com/mg/zona-da-mata/noticia/2025/07/15/mesmo-com-liminar-idoso-morre-a-espera-de-uti-em-juiz-de-fora-isso-e-desumano-se-revolta-irma.ghtml


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